Morrer nao dói

Morrer não dói! Não mesmo!
É engraçado como a vida é efêmera, que tudo que se conquista e se luta para ter, acaba do nada. E digo por experiência própria. Uma vez que se está dentro de um ônibus, e esse bate de frente com um outro veículo, numa rodovia movimentada, você percebe o quão frágil somos perante a imensidão de todo o restante que comanda, ou se preferir, auxilia (uso esse termo na falta de algo melhor) nossa vida. Num momento você está confortável em sua caminhonete super luxuosa, e no outro estirado no meio da pista.
Quão delicada é essa vida, e isso me dá uma duvida: será que, por ser tão delicada, devemos preservar nossa vida ao máximo, ou, se pelo mesmo motivo e já sabendo que ela terá um fim, vive-la intensamente, exaustivamente, suga-la ao máximo o quanto ela pode nos transformar e proporcionar? Viver 100 anos de delicadeza ou 20 de exaustão? Qual sua preferência? Qual sua resposta pra isso?
Mas, como diz a grande Mandy (sim, a do desenho animado): “Morrer é fácil, difícil é comédia!”. Salve Mandy e sua filosofia.
Eu acredito que preferia viver 20 anos de loucuras psicodélicas e aventuras gritantes a 100 anos tediosos e sem um motivo para vivê-los. Viver apenas por viver é demasiado cansativo; sem núcleo ou razão, a vida se torna um pesar. Talvez tenha sido isso que levou Sylvia Plath, Virginia Woolf, Florbela ou Hemingway a se auto findar? Ou talvez tenham vivido tudo que pensavam ter podido viver na vida, e simplismente cansaram dela, e preferirão se eclipsar? Talvez, apenas mais uma dúvida entre várias tantas.
Mas, a morte vem tão rápido, passa ao seu lado sem ao menos você perceber, e quando menos se espera, te leva, e você nao consegue notar, e talvez, apenas talvez, perceba o quanto deixou de viver e o quanto poderia ter vivido. Morrer não dói. Dói não viver, mas a morte não dói. Viver é tão raro. E os poucos que vivem, vivem além-morte, gravam seu nome tão fundo nas veias da história que eles jamais morrem; São lembrados decádas, séculos a frente, mas, viveram, e seus feitos, por viver, foram tamanhos que atravessaram o vácuo da história e não se perderam no tempo.
Enfim, como disse Assis Valente em seu último verso, antes de se eclipsar da vida e entrar para a eternidade: “Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo.”

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